Desertores venezuelanos pedem para que militares 'Coloquem-se do lado do povo'

Os três militares venezuelanos que desertaram para o Brasil neste fim de semana pediram aos companheiros de farda que deixassem de apoiar o regime de Nicolás Maduro. "Que se coloquem do lado do povo, porque o povo está passando fome", disse o sargento Carlos Eduardo Zapata a jornalistas neste domingo. Três militares da Guarda Nacional Bolivariana desertaram pela fronteira da Venezuela com o Brasil. Dois sargentos chegaram na noite de sábado e estão alojados no abrigo para refugiados de Pacaraima, disse o coronel do Exército brasileiro Georges Feres Kanaan neste domingo. Outro sargento chegou pela manhã, por meio de uma rota clandestina. Também no sábado, mais de 60 abandonaram o próprio país para a Colômbia, em uma dia de confrontos entre apoiadores do presidente venezuelano e opositores. Zapata, um dos três a desertar ao Brasil, relatou que um sobrinho dele morreu há cinco dias por falta de medicamentos. "Nós, a tropa profissional, queremos que os nossos companheiros se unam. Se não podem fazer nada na Venezuela, que venham para o Brasil ou saiam para a Colômbia", pediu Zapata. Perguntados sobre qual ordem recebiam para lidar com manifestantes, o sargento Jorge Luis Gonzales Romero respondeu: "Ninguém cruza a fronteira, nem veículo". Se alguém tentasse cruzar, segundo ele, a orientação era "chamar a atenção e retirá-lo dali". Nesta segunda-feira (25), a fronteira permanece fechada e o clima é tranquilo. Do lado brasileiro, a Polícia Rodoviária Federal não impede a passagem de pessoas, mas evita aglomerações. O cordão que havia sido montado pelos agentes da Força Nacional para evitar confrontos foi desmobilizado.  

'Cansados' de Maduro, pedem apoio a Guaidó

O sargento Jean Carlos Cesar Parra, é um dos militares que desertaram neste domingo (24) — Foto: Emily Costa/G1 Os três sargentos repudiaram o regime de Nicolás Maduro, a quem eles disseram considerar um "usurpador de um cargo que não é dele". "Não podemos mais aceitar a ditadura de Nicolás Maduro e sua gente. Nós nos cansamos disso. Somos conscientes da necessidade que sofre o povo venezuelano e a Venezuela", desabafou o sargento Jean Carlos Cesar Parra. O trio também reiterou apoio ao autoproclamado presidente interinoJuan Guaidó. "Queremos nos encontrar com ele", disse o sargento Gonzales Romero. Eles ainda pediram para se reunir com outros dissidentes venezuelanos na Colômbia e no Brasil – perguntados, os três não souberam dizer se outros militares desertaram para o território brasileiro.  

Ajuda humanitária frustrada e confrontos

As deserções de militares venezuelanos ocorreram no chamado Dia D, quando a oposição, comandada pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó, tentou fazer com que o regime de Maduro permitisse a entrada de ajuda humanitária por meio das fronteiras com o Brasil e a Colômbia. As duas tentativas foram frustradas, e houve confrontos. Segundo o governo colombiano, 285 pessoas ficaram feridas nos embates ocorridos na fronteira com a Venezuela. Dois caminhões com ajuda humanitária foram incendiados e outro teve a carga retirada para evitar que fosse perdida. No Brasil, os dois primeiros caminhões com alimentos e remédios chegaram até Pacaraima no sábado (23), mas não puderam entrar na Venezuela e foram recolhidos. Após a retirada deles, venezuelanos que estavam do lado brasileiro atacaram uma base venezuelana no território do país vizinho. Os militares venezuelanos reagiram e segundo o coronel Jacaúna, comandante da Operação Acolhida, lançaram bomba de gás e dispararam com arma de fogo, inclusive contra o território brasileiro.   [caption id="attachment_1207" align="aligncenter" width="1600"] O sargento Jean Carlos Cesar Parra, é um dos militares que desertaram neste domingo (24) — Foto: Emily Costa/G1[/caption] [caption id="attachment_1202" align="aligncenter" width="1000"] Lado brasileiro da fronteira com a Venezuela na manhã desta segunda-feira (25) — Foto: Emily Costa/G1[/caption] [caption id="attachment_1195" align="aligncenter" width="1600"] Militares venezuelanos que desertaram para o Brasil mostram suas identidades em Pacaraima, em Roraima — Foto: Emily Costa/G1[/caption]   Fonte: G1

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