Seis integrantes de uma equipe da Univision Noticias ficaram retidos por cerca de duas horas no Palácio Miraflores, sede da presidência da Venezuela, na tarde de segunda-feira (25). Segundo a emissora, a maior rede de televisão hispânica dos Estados Unidos, a ordem partiu de Nicolás Maduro. A equipe será deportada nesta terça-feira (26). O jornalista Jorge Ramos, um âncora veterano nascido no México, disse em entrevista à Univision que perguntou a Maduro sobre a falta de democracia na Venezuela, a tortura de presos políticos e a crise humanitária do país. Depois de ver um vídeo de jovens venezuelanos comendo restos de alimentos retirados de um caminhão de lixo, o chefe de estado interrompeu a gravação, mandou confiscar o equipamento e deter os profissionais. Em 2015, Ramos teve problemas com Donald Trump, sendo expulso de uma entrevista coletiva com o então pré-candidato à presidência dos EUA. Ramos, que já tinha entrado em choque com Trump sobre temas como imigração e deportação, se levantou para fazer uma pergunta e foi ignorado pelo magnata, que cedeu a palavra a outro jornalista. Ele insistiu e Trump se irritou: "desculpe-me, mas o senhor não foi chamado, sente-se". "Tenho o direito de fazer uma pergunta", retrucou Ramos, ao que Trump respondeu: "volte para a Univisión". Ramos foi então retirado da sala pelos seguranças. Detenções curtas e deportações se tornaram comuns na Venezuela, especialmente quando repórteres que enfrentam atrasos para conseguir permissões oficiais para trabalhar no país buscam atalhos para exercer a atividade jornalística. Ao menos sete jornalistas estrangeiros foram presos no país em janeiro depois que o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, impondo a Maduro o seu maior desafio político desde que sucedeu Hugo Chávez no poder.
Deixe seu comentário